segunda-feira, 8 de novembro de 2010

O amor ensinou-me...

O amor ensinou-me a amar, a ser feliz, a acreditar, a dar-me, a rezar, a lutar para viver. Mas também me ensinou a mentir, a sofrer, a desesperar, a gritar, a sangrar. Ensinou-me a morrer em vida...

Não tenho hoje nos meus olhos o brilho do passado, não acalenta o meu coração a esperança de ter de volta a felicidade. Na minha cabeça paira apenas o sonho desfeito, a batalha perdida. Continuo lutando dia a dia, mas parte de mim morreu. Sei que jamais serei novamente completa. Nem o sol de 40º C, conseguiria aquecer um pouco da minha parte que gélida se tornou.

Todos os dias acordo e uma lágrima cai, respiro fundo e levanto-me, recolho um pouco dos tijolos partidos da minha vida e tento colá-los. Tarefa difícil, penosa. Vou colando devagar, muito devagarinho, tenho de pô-los certinhos, com cimento cola para não mais voltar a desabar assim, neste poço sombrio e frio. Sozinha caí, nenhuma mão me puxou, estava só, o meu porto de abrigo desapareceu....e meu coração escureceu.

Sou hoje uma bússola avariada, procuro achar neste escombro interior o ponteiro, procuro dar algum sentido que seja a esta caminhada a que chamam vida.

Pego numa folha molhada, tento sentir-lhe o cheiro. Gostava de as cheirar antes, gostava de tanta coisa antes, hoje sou anedónica. Mas continuo a cheirar, quero sair desta escuridão. Cheiro, cheiro e nada sinto... De repente reparo... está sol. Olho para as mãos e vejo a folha encharcada... Aí percebo: não era a chuva que molhou a folha, apenas as lágrimas que escorriam da minha cara..... Levanto-me, coloco os óculos de sol, alguns observam-me espantados, vou-me embora..... Tentarei outro dia cheirar a folha molhada....

Que sejas feliz...
Amo-te... ainda....